Adrian Albala: como funciona o Senado brasileiro

CEPESP  |  7 de fevereiro de 2017
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Em seminário realizado no Cepesp ano passado, o cientista político Adrian Albala mostrou como coalizões são formadas no Senado em países latino-americanos. Presidentes têm, por motivos institucionais, mais dificuldade para conquistar o apoio legislativo dos senadores, que são, geralmente, políticos de renome. Albala responde, em entrevista exclusiva para o blog, como esse desafio é superado.

1) O Senado Federal “complica” a barganha para formar coalizões majoritárias no Brasil?

No Brasil e no resto da América Latina, é mais difícil conseguir maiorias para as coalizões no Senado do que no resto do mundo. Nunca houve o caso de um presidente neste continente ter maioria no Senado e não na Câmara dos Deputados. Isso é interessante, pois poderíamos imaginar que, como há menos senadores do que deputados, não deveria ser tão complicado formar uma maioria.

Mas, ao contrário dos deputados, os senadores costumam ser eleitos (à exceção do Uruguai) de forma majoritária em seus estados. Portanto, são políticos poderosos e representantes de um órgão da federação. Isso torna o “custo” de ter o apoio de um senador mais alto do que de um deputado federal.

2) Quais perspectivas você vê para a formação de coalizão majoritária do governo Temer na Câmara dos Deputados e no Senado Federal?

O Senado é mais instável do que a Câmara dos Deputados. Há diversos senadores que não apoiam o governo – inclusive alguns do PMDB, como Kátia Abreu e Roberto Requião. Os senadores são mais autônomos dos partidos políticos do que os deputados federais. Por isso, creio que a Lava Jato vai ter muito mais impacto no Senado do que na Câmara. Mesmo que um número reduzido de senadores seja envolvido na operação – 10, por exemplo –, isso tem um impacto proporcionalmente muito maior do que na Câmara dos Deputados. Então o jogo fica menos previsível.

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