CPI da Petrobras não deve influenciar eleição, diz Sérgio Praça

CEPESP  |  25 de maio de 2014
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Os aliados da presidente Dilma Rousseff tentaram de todas as formas adiar o início dos trabalhos da CPI mista da Petrobras, mas esta semana deve ocorrer a primeira reunião da comissão. Uma CPI exclusiva no Senado já investiga o caso, mas a avaliação do governo é que os aliados da Câmara costumam ser menos fiéis aos Palácio do Planalto e que a presença dos deputados na comissão poderá aprofundar as investigações.

Apesar dos temores do governo, o professor da UFABC e pesquisador do Cepesp, Sérgio Praça, não acredita que a CPI da Petrobras vá influenciar o resultado das eleições de outubro.

Leia a opinião do pesquisador sobre o assunto:

Há duas ideias sobre como eleitores consideram a corrupção na hora de votar. A primeira é que os cidadãos gostariam de punir políticos corruptos, mas têm pouca capacidade de se informar sobre escândalos. É a hipótese “informacional”. A segunda é que os cidadãos entendem que atos corruptos são perdoáveis desde que os políticos melhorem a vida dos eleitores . É a hipótese do “rouba mas faz”.

Uma pesquisa publicada recentemente pelos pesquisadores Matthew Winters e Rebecca Weitz-Shapiro em uma das revistas acadêmicas mais prestigiosas da ciência política no mundo – a “Comparative Politics” – mostra que a hipótese informacional é a que mais bem explica o Brasil.

Os cidadãos brasileiros são muito sensíveis à informação sobre atos corruptos e punem, de fato, políticos desonestos. Desde que, é claro, eles consigam ter acesso a informações sobre escândalos e consigam entender do que se trata. (O “rouba mas faz”, segundo os pesquisadores, aparece de maneira muito mais forte nos cidadãos ricos.)

É aí que está a limitação da CPI da Petrobras: quem vai conseguir explicar, em poucos minutos, quais foram as decisões erradas – talvez corruptas – da empresa? E a ligação dessas decisões com os políticos que buscam reeleição? É um desafio que, até agora, considero dificílimo superar.

 

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