Marcada pela polarização político-partidária, a eleição de 2018 cria uma narrativa maniqueísta: a disputa entre o candidato do bem e o do mal.
A construção dessas representações é estratégia eleitoral frequente em momentos de maior acirramento político. “O candidato que apela para isso se vende como verdadeiro ‘herói da pátria’”, afirma a pesquisadora do Cepesp, Jaqueline Zulini.
“Ele espera fortalecer a própria imagem diante do seu eleitorado e, sobretudo, cativar os indecisos e os eleitores do adversário que ataca”. Assim, ao usar a técnica, que é histórica, o candidato busca criar a ideia de que seu adversário é o vilão, e suas ideias têm que ser combatidas.
“O medo também pode ser uma condicionante do resultado eleitoral”, observa Jaqueline em entrevista ao portal Gazeta do Povo.
Na mesma entrevista, o cientista político Cláudio Couto concorda com Jaqueline e explica que o medo pode produzir a irracionalidade: “As pessoas têm tanto medo de uma coisa que param de raciocinar sobre o seu significado. Esse pavor construído leva a comportamentos que não fazem muito sentido do ponto de vista da racionalidade”.
O discurso de heróis contra vilões ainda funciona, porque depende da capacidade da propaganda política de convencer o eleitor. “Propaganda política é pura retórica: um jingle bem feito associado a imagens emocionantes da vida política do candidato fazem milagre”, diz Jaqueline.
Para Couto, a eficiência da mistificação acontece também porque as pessoas procuram soluções simples para problemas complexos: “Como um remédio milagroso para emagrecer sem regime e exercício. As pessoas procuram isso inclusive na política”.