O pesquisador Rudi Rocha, professor de economia da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV), com mestrado na UFRJ e doutorado na PUC-RJ, hoje integra a equipe de pesquisadores do Cepesp/FGV, com ênfase no ensino em métodos quantitativos (econometria aplicada).

Rocha afirma que seus projetos olham para o sistema de saúde como um todo, e que basicamente faz avaliação de política pública, com grande concentração na área de saúde, sempre usando econometria aplicada e identificando impactos causais.
Veja a entrevista:
O que é economia aplicada e quais suas linhas de pesquisa atuais?
A econometria aplicada é um método empírico de identificação de relações entre variáveis. É transversal a vários temas: uma caixa de ferramentas que permite estimar o impacto de uma coisa em outra. Por causa disso, por muito tempo, acabei abrindo minha agenda em diferentes direções. Com o tempo, fui tendo uma ênfase maior em temas associados a demografia econômica, educação e saúde, além do meio ambiente.
Uma outra vertente é a de desenvolvimento econômico, que lida com questões de economia pública ou desenvolvimento de longo prazo, além de economia política. Hoje, todo o meu esforço está sendo direcionado para pesquisas sobre economia da saúde e demografia econômica.
Quais os principais projetos desenvolvidos por você atualmente ou que foram finalizados recentemente?
Acho que a minha agenda se confunde com a agenda do Cepesp/FGV em várias dimensões. Um projeto em particular avalia o impacto de doenças infecciosas durante o período de gestação para as crianças nos primeiros anos de vida. Em paralelo tenho, vários outros projetos. Vários projetos concluídos recentemente estão voltados para saúde e interfaces entre saúde e meio ambiente, como o impacto de agrotóxicos na saúde para recém-nascidos, ou o impacto de ondas de calor e ilhas de calor nas vias respiratórias da população do Rio de Janeiro.
Da onde surgem as suas ideias de pesquisa?
Eu não tenho uma visão muito estratégica do que quero estudar, sempre busco temas que possibilitem um casamento entre meu interesse pessoal e relevância acadêmica e pública, com uma capacidade de desenvolver uma metodologia para responder inquietações sociais de forma sólida.
Hoje, por exemplo, busco identificar quais são as principais políticas de saúde recentes e como avaliá-las. E isso me ensina como funciona o sistema [de saúde]. Aos poucos, devo acabar cobrindo vários aspectos do sistema de saúde. No fim, quero aprender e me divertir ao longo do caminho.
Um dos seus projetos de pesquisa foi aprovado para receber um financiamento da Fundação Gates?
O projeto que vai receber o financiamento é aquele que comentei sobre o impacto de doenças infecciosas nos primeiros anos de vida de crianças. Basicamente, a fonte de dados é o DataSUS, mas também cruzamos esses dados com outras fontes de informação georreferenciadas e outras políticas. A equipe está em formação.
A pesquisa é financiada também pelo CNPq e envolveu o Ministério da Saúde, com apoio da Fundação Gates. O seu tema principal envolve a situação em que mulheres podem ser expostas a choques adversos durante a gestação; infecciosos ou outros. Existem partes da literatura acadêmica que falam que doenças infecciosas geram impactos para população, em especial de mortalidade. Mas até onde se sabe ninguém olhou para um prazo mais longo, ou seja, os efeitos dessas doenças em crianças após seu nascimento. Ao longo do tempo, por exemplo, pelas fraquezas decorrentes de uma doença contraída na gestação, a criança pode vir a falecer.
O que nós queremos é identificar se, em um prazo mais longo isso [impactos de doenças infecciosas contraídas na gestação em crianças mesmo após o nascimento das mesmas] realmente acontece, e, se comprovarmos, trazer essa informação no pré-natal, colocando um score de risco para a gestante. Também vamos analisar em que medidas políticas de saúde podem mitigar esses efeitos adversos, se existirem.
A ideia, no fim, é sempre melhorar políticas públicas já existentes.