Em seminário de pesquisa do Cepesp, o doutorando e pesquisador assistente do centro Frederico Ramos discutiu os resultados preliminares de sua tese sobre a “Análise de Estruturas Espaciais Urbanas Através de Métodos Geocomputacionais”.
Arquiteto e urbanista de formação, Ramos tem mestrado em sensoriamento remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e utilizou as imagens por satélite para calcular o padrão de evolução urbana da cidade de São Paulo.
O importante quando se fala de geoprocessamento é a natureza quantitativa do dado, explica o pesquisador. “Reconhecer o potencial quantitativo dessas imagens abre grandes possibilidades analíticas em vários campos da Economia Urbana”.
Em sua tese de doutorado, Frederico Ramos quer descobrir como os níveis de dispersão urbana, ou seja, a forma como a cidade é construída, se traduzem em índices maiores de segregação socioespacial.
O pesquisador trabalhou com uma série histórica que mostra a expansão urbana e o padrão migratório da cidade de São Paulo desde a década de 1960. Além de tentar entender de que maneira se deu a expansão populacional do centro de São Paulo neste período, o pesquisador observou os fluxos urbanos dos bairros mais afastados.
As imagens apresentadas por Frederico mostram a rápida expansão pela qual atravessa a Zona Leste e Zona Norte. Essas são as regiões que mais crescem em São Paulo na última década, segundo o pesquisador.
“A ideia é usar essas imagens para classificar contextos da evolução urbana”, explica Frederico Ramos. “Cada pixel das imagens analisadas representa 30X30 metros. Com isso, a gente consegue identificar se aquele pixel representa um cultivo de soja, superfícies de concreto, terra exposta, água, etc. Assim, é possível classificar essa imagem em categorias de uso e cobertura do solo”.
Cruzando os dados obtidos pelas imagens de satélite dos bairros de São Paulo com dados socioeconômicos disponíveis no site do IBGE, foi possível reconstituir as informações de segregação espacial da cidade.
O que o pesquisador percebeu é que, desde a década de 1990, na cidade de São Paulo, houve uma diminuição do índice de exposição entre pessoas de níveis socioeconômicos diferentes, o que indica uma acentuada segregação urbana em São Paulo. “Vimos que o isolamento dos mais pobres cresceu neste período”, disse.
A proximidade com a infraestrutura de transportes, bancos, escolas é uma vantagem urbana que determina a desigualdade de moradia em São Paulo. “As disputas por vantagens locacionais acabam definindo um padrão de segregação, que é marca comum de nossas cidades”.
Para entender a metodologia usada para calcular essa desigualdade urbana e como ela pode ser útil para nortear políticas públicas que evitem reforçar o atual padrão de segregação de São Paulo, assista ao vídeo do seminário.