
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) vai enfrentar desafios para governar a partir de 2019 e para cumprir com suas promessas de campanha, que o levaram até a vitória.
O primeiro desafio vai ser a realização de um ajuste fiscal, diz o cientista político do Cepesp/FGV, Jairo Pimentel, em entrevista ao jornal argentino La Nacion.
Ele considera grave a situação das contas públicas: “para garantir um crescimento econômico, terá que fazer uma reforma previdenciária, já que aposentadorias tomam uma parte crescente das despesas.”
Bolsonaro foi eleito no segundo turno, no último domingo,28/10, com 55% dos votos contra 45% para Fernando Haddad (PT).
Se a reforma previdenciária e a modificação do sistematributário de Bolsonaro forem eficientes, Pimentel aposta na retomada da confiança dos investidores internacionais no Brasil. Isso resultaria na criação de mais empregos e no crescimento econômico.
Caso aconteça o contrário, e as reformas não causarem reações animadoras nos mercados externos, a economia continuará na situação crítica em que se encontra. Para o cientista político, isso levaria a uma queda na aprovação do novo presidente.
Em relação à posição de Bolsonaro durante sua campanha, em que assumiu um tom agressivo contra a esquerda, principalmente contra o PT e os direitos humanos, além dapostura autoritária, com promessas de combate à violência urbana e legalização das armas, Pimentel considera que pode resultar num governo preocupante.
“Podem levar a uma política de segurança repressiva e a um ambiente violento, em que a liberdade de expressão também está danificada, e os direitos daqueles que pensam diferente são cortados”, reflete o pesquisador do Cepesp.
Conclui que o risco é que, no futuro governo, haja uma “perda da qualidade democrática no país”.