A pesquisadora Lara Simielli apresentou, recentemente, sua tese de doutorado em Administração Pública na FGV-SP sobre educação e desigualdade no Brasil. “Tanto na educação básica quanto no ensino superior, a qualificação do professor tem um impacto sobre o desempenho dos alunos. Mas diversas pesquisas apontam que a maior diferenciação entre os professores está em fatores mais difíceis de serem mensurados, como a motivação, a metodologia de ensino, a distribuição de tempo em sala de aula, entre outros fatores.”
Leia, abaixo, a segunda parte da entrevista exclusiva que ela cedeu ao blog do Cepesp.
O que sua pesquisa diz sobre a importância da qualificação dos professores no aprendizado dos alunos?
Escolhi trabalhar com o acesso dos alunos a professores qualificados por conta da importância e da centralidade dos professores no processo de aprendizagem dos alunos. Diversas pesquisas, nacionais e internacionais, apontam para a importância dos professores no desempenho dos alunos. Dentre todos os recursos e processos escolares, verifica-se que os professores têm o maior impacto sobre as notas – e, portanto, são capazes de trazer maior contribuição para políticas educacionais equitativas.
No âmbito universitário, na sua opinião, faz diferença ter professores com doutorado?
Tanto na educação básica quanto no ensino superior, a qualificação do professor tem um impacto sobre o desempenho dos alunos. Mas diversas pesquisas apontam que a maior diferenciação entre os professores está em fatores mais difíceis de serem mensurados, como a motivação, a metodologia de ensino, a distribuição de tempo em sala de aula, entre outros fatores.
Há, neste sentido, uma grande discussão sobre os aspectos observáveis e não-observáveis. Ou seja, apesar da importância inegável dos professores e da sua expressiva influência sobre os resultados escolares, não há um consenso sobre o que constitui um bom professor.
Alinho-me a pesquisadores como Linda Darling-Hammond, que entendem que a escolaridade e a experiência são importantes, assim como características não-observáveis. No ensino superior, especificamente, considero que, dado que há uma maior homogeneidade com relação à escolarização docente, é esperado que exista uma maior diferenciação entre os professores por conta de fatores não-observáveis, como as atitudes adotadas em sala-de-aula.
Como um professor faz uma boa “cobertura do currículo”? Ele é bem treinado para isso no curso de pedagogia/licenciaturas no Brasil?
Esta é uma questão central, dado que não há uma base nacional comum no Brasil, como em outros países. Neste sentido, inseri esta variável com o objetivo de analisar um aspecto mais pedagógico, mas sabendo das limitações desta opção. Dado que não há esta base nacional comum, os professores têm diferentes entendimentos sobre a cobertura do currículo, com base na LDB.