Quanto maior for o acesso das pessoas aos serviços púbicos, como saúde e educação, menor é a probabilidade do indivíduo trabalhar no setor formal da economia. Essa é a conclusão do trabalho apresentado pela mestre da Escola de Economia de São Paulo da FGV Isabela Furtado em dezembro do ano passado durante o Congresso da Anpec (Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia ).
Orientada pelo professor e pesquisador do Cepesp Enlinson Mattos, Isabela utilizou dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) de 2008 e 2009 para observar como o consumo de alguns bens providos pelo governo influencia na escolha do setor de trabalho.
A pesquisadora ressalta, no entanto, que bens que a pessoa pode contratar privadamente com mais facilidade, como saúde e educação, diminuem o incentivo de trabalhar no setor formal. ” Uma vez que estes serviços (educação e saúde) estão disponíveis publicamente, o trabalho formal, forma alternativa de obter esses serviços a partir de benefícios, é dispensável. Isto indica que o acesso a esses bens por parte dos indivíduos não parece estar associado ao sentimento moral de pagamento de impostos”, aponta Isabela.
Já a provisão pública de segurança e infraestrutura pode fazer com que o indivíduo se sinta mais incentivado a buscar um emprego com a carteira assinada.
“Se a pessoa pode contratar um bem privadamente, ela não tem muito incentivo a trabalhar no setor formal. Agora, se o governo oferece bens públicos que não têm substitutos privados, isso pode ser um incentivo para as pessoas trabalharem nesse setor”, explica.
O trabalho intitulado “Consumo de bens providos publicamente e oferta de trabalho no setor formal e informal da economia” é fruto da dissertação de mestrado apresentada por Isabela em maio do ano passado.
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