Em palestra no Summit Mobilidade Urbana Latam 2018, maior encontro do tema na América Latina, Ciro Biderman, coordenador do Cepesp, debate sobre transporte e inovação no país
O jornal O Estado de S.Paulo e a 99 Taxis, realizaram, em 25 de maio, o Summit Mobilidade Urbana Latam 2018. Trata-se do maior encontro de especialistas nacionais e internacionais para refletir, discutir e buscar soluções para mobilidade urbana, no século XXI. O debate girou em torno de políticas e inovações para transformar nosso jeito de ir e vir, das diversas tecnologias que podem deixar o transporte mais seguro e sustentável e da atualização e planejamento da mobilidade urbana, no que diz respeito às demandas das grandes cidades.
Ciro Biderman, coordenador do Cepesp e ex-diretor na SP Trans na prefeitura de SP, participou do evento no painel “Calculando rotas alternativas: as propostas públicas para os próximos anos”. Além de Ciro, a mesa foi também composta por Ana Guerrini, diretora de pesquisa e políticas públicas da 99 Taxis, Clarisse Linke, diretora executiva do ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) e Eleonora Pazos representante da UITP (International Association of Public Transport) na América Latina.
Em sua palestra, Biderman destacou o papel e a responsabilidade dos governos para melhorar a qualidade da mobilidade urbana, sobretudo, para o transporte de massa. Para ele, a elaboração de políticas públicas na área implica tratar de avanços como a entrada dos aplicativos no sistema de transporte e de problemas como a maior geração de energia para a viabilidade da circulação de carros e ônibus elétricos. O pesquisador questionou também o metrô como principal solução do transporte público, no contexto atual, e alertou para eficiência das vans em relações à outros veículos nesse processo de modernização. “O problema da mobilidade é de governança. As saídas estão claras, sabemos onde queremos chegar e os governos não estão fazendo o que é preciso”, declarou.

Ana Guerrini chamou atenção para a importância de novas formas de parceria entre o setor público e privado para revolucionar a mobilidade nos centros urbanos. Para ela, a evolução no setor já se iniciou e, portanto, é preciso pensar quais são os melhores caminhos para a mudança. Amparada em diagnósticos do sistema de mobilidade, realizados pela 99 Taxis, Guerrini ressalta a iniciativa do compartilhamento como ação positiva para otimizar o setor. A integração entre os taxis da 99 e o metrô é exemplo dessa política. “Queremos uma cidade para todos e a 99 Taxis tem trabalhado para levar o transporte para todos. Para isso, a união entre empresas privadas e esfera pública é decisiva”, conclui.
Já Clarisse Linke salientou em seu discurso o aprimoramento do transporte público como meio de promover uma mobilidade urbana sustentável, com energia renovável, e inclusiva. “Devemos pensar em cidades justas para todos. Nossa prioridade urgente é garantir investimento na qualidade do transporte público, que também seria uma forma de tirar as pessoas do carro e mitigar a emissão de gases do efeito estufa”, afirma. Ela destacou que o planejamento de cidades inovadoras no transporte deve se voltar para qualificação dos serviços oferecidos pelos veículos coletivos, a partir do aperfeiçoamento da capacidade de passageiros, cobertura de regiões e valor de tarifas.

Por fim, Eleonora Pazos evidenciou que a economia compartilhada é um conceito de sustentabilidade e um formato de mobilidade que precisa ser incluído nas políticas públicas. “Os reguladores do transporte devem garantir soluções de economia compartilhada em que se tenha prioridade sobre os veículos coletivos, de modo a fortalecer o transporte público”, analisou.
Para ela, somente isso vai conseguir mudar nossos padrões de deslocamento e competir com o carro particular. Pazos frisa que, para além de criar “cidades perfeitas”, é preciso saber o que a sociedade quer para conseguir criar sistemas de transporte avançados e eficientes. “Necessitamos de marcos regulatórios favoráveis a esse ambiente (compartilhado) e de novos modelos de contrato de transporte que permitam a participação de novos autores. As legislações antigas só criam barreiras para a inovação”, conclui.
****