Protestos no Brasil: organizados no mundo virtual e manifestantes escolarizados e brancos são maioria

CEPESP  |  22 de outubro de 2018
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Mulheres-contra-Bolsonaro
Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil

O engajamento político brasileiro é significativamente maior entre os mais escolarizados do que entre cidadãos com menos acesso à educação. Porém, o pesquisador do Cepesp, Cláudio Couto, diz que a desproporção não deveria surpreender.

“É o que se poderia esperar não apenas de manifestações contra uma candidatura de extrema direita, mas da maior parte das manifestações de rua, no Brasil e em outros países”. Couto lembra que os protestos #EleNão também levaram às ruas mais ativistas de esquerda, brancos e de elevadas escolaridade e renda. As manifestações aconteceram nacionalmente, no dia 29 de setembro, contra o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL).

O cientista político baseia sua consideração no mais recente relatório do Pew Research Center, divulgado em 11 de outubro, em que é apontado que 29% dos brasileiros mais escolarizados dizem participar de protestos contra apenas 8% dos menos escolarizados com a mesma disposição.

Dentre os 14 países estudados para a pesquisa, o Brasil é o que apresenta a maior diferença de engajamento entre os grupos.

“Portanto, nada de estranho no fato de haver gente mais escolarizada nas manifestações, algo que também se verificava naquelas do campo político em que os participantes usavam camisas verde-amarelas”, afirma o pesquisador em artigo à versão digital da revista piauí.

Redes sociais também são potentes ferramentas de organização e divulgação de manifestações, como mostrou o relatório. No brasil, 72% dos usuários das redes dizem levar o ativismo para as ruas, enquanto 35% não têm o mesmo fôlego político.

Couto vê nos números explicação para a força da mobilização política virtual no país, que tem sido meio importante tanto entre os eleitores, quanto para candidatos, que usam as redes para se posicionar e fazer propaganda política.

“Se a atividade política nas redes impacta de forma tão diferenciada os cidadãos, utilizá-las politicamente de forma estratégica ganha uma centralidade toda especial. As atuais eleições, com ou sem fake news, são outra demonstração desse fenômeno”, analisa.

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