RODANDO OS DADOS: a rigidez das medidas de isolamento social nos Estados

CEPESP  |  19 de maio de 2020
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Todos os Estados brasileiros adotaram medidas de isolamento social a partir de algum momento do mês de março, mas alguns já começaram a reduzir as restrições adotadas para conter a pandemia do Covid-19.

A figura acima apresenta o nível de rigidez das políticas de distanciamento em cada Estado a partir do dia 10 de março, medido pelo Índice de Rigidez das Políticas de Distanciamento Social (RPDS). A Rede de Pesquisa Solidária, montada por um grupo de pesquisadores de diferentes instituições e com coordenação científica de Lorena Barberia, professora da USP e pesquisadora do FGV Cepesp, criou o RPDS de cada Estado brasileiro a partir da organização do banco de dados COVID-19 Government Response Tracker for the Brazilian Federation (CGRT-BRFED). Esse banco de dados tem o objetivo de acompanhar, em tempo real, as medidas adotadas por cada Estado no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, e a metodologia adotada é inspirada no banco de dados desenvolvido no Oxford COVID-19 Government Response Tracker (OxCGRT), observatório da Blavatnik School of Government (disponível aqui) .

De acordo com os boletins técnicos da Rede, “os estados reagiram com grande variedade em intensidade e rapidez à chegada do COVID-19 ao país.” O Distrito Federal aparece identificado como o primeiro estado a adotar medidas de distanciamento social no dia 12 de março de 2020, seguido por São Paulo no dia 13 de março e, posteriormente, por outros estados.

A construção do RPDS e dos indicadores está baseada na coleta periódica de documentos publicados pelas fontes estaduais oficiais e abriga quatro componentes: 1) suspensão das aulas presenciais em escolas e universidades; 2) suspensão das atividades não-essenciais de comércio e serviços; 3) suspensão da atividade industrial não-essencial; 4) proibição de aglomerações e grandes eventos. Para cada um dos temas, há medidas para o nível de rigidez da suspensão, abrangência geográfica e abrangência setorial. De acordo com estes três critérios, cada medida identificada e coletada recebe um escore. Os Estados são então classificados, dia a dia, de acordo com a rigidez das medidas, compondo uma escala que vai de zero a 100. Mais detalhes sobre o trabalho e a metodologia podem ser encontrados aqui. A figura abaixo apresenta a evolução do índice de rigidez dos Estados do Maranhão, Piauí e São Paulo.

Há indicadores também por tipo de política de distanciamento. Por exemplo, as figuras abaixo mostram que a restrição sobre as atividades de comércio e serviços foram muito mais rígidas e abrangeram quase todos os Estados (apenas Mato Grosso do Sul e Tocantins nunca restringiram essas atividades), enquanto poucas unidades da Federação implementaram alguma restrição ao funcionamento das indústrias que não fossem de atividades essenciais, como alimentos e saúde. Para estas variáveis, os escores variam de 0 (nenhuma medida) até quatro (suspensão da atividade).

Mais detalhes sobre os estudos que estão sendo desenvolvidos pela Rede de Pesquisa Solidária estão disponíveis no site da Rede. A visualização dos dados foi desenvolvida pela assistente de pesquisa do Cepesp, Rebeca de Jesus Carvalho.

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