RODANDO OS DADOS – Evolução recente dos gastos com medicamentos no Brasil

CEPESP  |  23 de março de 2020
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Nos últimos anos (antes da contenção mais recente por conta da regra do teto de gastos), as despesas totais do governo federal com saúde cresceram. Em dados deflacionados, elas passaram de R$ 20 bilhões em 1998 para R$ 120 bilhões em 2015, em valores já corrigidos pela inflação (em R$ de dezembro de 2015). Um aumento de seis vezes!

Desagregando as despesas, os gastos com medicamentos são uma parte importante das despesas do Ministério da Saúde. O Brasil tem uma assistência farmacêutica generosa, com cobertura de medicamentos de alto custo (componente especializado), medicamentos estratégicos (AIDS em particular), imunobiológicos, etc — comparado a sistemas de saúde de outros países emergentes (e até mesmo a países desenvolvidos) isso é um grande diferencial do SUS.

Esse aumento das despesas deve ser analisado com cautela, pois se deve à incorporação de novos produtos, aumento do numero de pacientes, e no caso dos medicamentos de alto custo (como AIDS, hepatite C, medicamentos para doenças raras) são produtos protegidos por patentes, em que pese o fato do que o Brasil tem adotado estratégias inovadoras para redução das despesas com medicamentos, como regulação dos medicamentos genéricos, negociação de preço com a indústria farmacêutica, criação de um banco de preços para melhorar a transparência das compras públicas, estímulo a parceria público privada para desenvolvimento de medicamentos, etc.

Neste momento de concentração de esforços para combater à epidemia do cornavirus é importante entender os gastos em saúde e onde melhor alocar os recursos, como detallhado aqui. Os dados expostos nos gráficos acima são objeto constante de análise da linha de pesquisa em Saúde do Cepesp/FGV, que estuda a economia política das decisões que envolvem regulação farmacêutica e política industrial da saúde. A visualisação foi elaborada pela assistente de pesquisa Rebeca de Jesus Carvalho.

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