O quadro eleitoral indefinido e imprevisível, os escândalos de corrupção e a permanência do Partido dos Trabalhadores (PT) com a candidatura do ex-presidente Lula, preso, são alguns dos motivos apontados pelo cientista político do Cepesp, Cláudio Couto, para explicar as dificuldades dos partidos em oficializar coalizões. Com isso, a escolha do vice-presidente dos candidatos à Presidência da República também é adiada para os minutos finais. “Um cenário de mais normalidade política torna tudo mais previsível e facilita a formação das coligações e, consequentemente, a escolha dos vices. Essa grande balbúrdia em que nós estamos mergulhados que faz com que a escolha do vice demore tanto”, diz Couto.
Em entrevista à rádio CBN, o pesquisador afirma que a escolha de um vice-presidente do próprio partido pode mostrar tanto força quanto fraqueza do candidato para firmar coalizões. “Quem está forte demais pode pegar um vice do próprio partido e não precisa se dar ao trabalho de oferecer esse espaço para aliados. Mas, às vezes, é o contrário: quando alguém está tão fraco que não consegue aliado, não tem outra escolha e acaba pegando vice da própria chapa”.
O pesquisador acrescenta que o vice, quando é um nome de um partido aliado, entra na chapa como forma de confirmação oficial do apoio entre as siglas. “Isso entra como parte do negócio, é um peso, um espaço que aquele partido com o qual você se aliou tem dentro da chapa”, afirma Couto. Ele lembra ainda que o vice pode funcionar como cabo eleitoral se for um político com muita densidade eleitoral e como uma sinalização para a sociedade sobre o que aquela chapa representa.
Íntegra da entrevista.