Como PSL vai lidar com operações institucionais, questiona cientista político

CEPESP  |  6 de dezembro de 2018
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O governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) apresenta deficiências da base do partido de Bolsonaro para lidar com a complexidade de uma administração nacional. É o que avalia o professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getulio Vargas (FGV) e pesquisador do Cepesp/FGV Cláudio Couto.

“Tenho dificuldade em enxergar como o PSL poderá lidar com as operações institucionais. É um partido de aluguel, hipertrofiado pela candidatura presidencial”, disse Couto no último “Diálogos Cebrap/Folha”.

O debate aconteceu na manhã de ontem, dia 5, e foi realizado pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e pelo jornal Folha de S. Paulo. Além de Couto, a professora do Departamento de Ciência Política da Unicamp, Andréa Freitas, também participou da discussão, que foi mediada pelo jornalista da Folha Fábio Zanini.

Durante a discussão, que teve como tema as perspectivas nacionais diante dos resultados eleitorais de 2018, o pesquisador do Cepesp/FGV apontou a fragmentação em vários grupos e a aparente tentativa de romper com o presidencialismo de coalização como riscos para a governabilidade de Bolsonaro.

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As perspectivas para o futuro governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) foi tema de debate realizado pelo Cebrap e pela Folha de S. Paulo/ Foto: Marcelo Camargo/ABr

A Folha fez matéria sobre a cobertura do evento na qual listou alguns grupos apontados por Couto, que, de acordo com ele, são fragmentados e nem sempre harmônicos: “o econômico, liderado por Paulo Guedes; o jurídico, com Sergio Moro; o militar; o familiar, representado pelos filhos [de Bolsonaro]; o de matizes intelectuais mais conservadoras, com nomes indicados por Olavo de Carvalho (Ernesto Araújo nas Relações Exteriores, Ricardo Vélez Rodríguez na Educação)”.

Sobre o relacionamento com a Câmara, Bolsonaro decidiu ir contra a estrutura tradicional do sistema político e apostar a relação com os parlamentares na negociação de votações com as bancadas temáticas e não com os líderes dos partidos.

O debate dos professores chegou no consenso de que a maneira de governar de Bolsonaro gera incertezas. Mesmo sendo contrário à administração nacional vigente desde a redemocratização, o presidencialismo de coalizão, até o momento não é possível afirmar que o futuro governo terá resultados positivos ou negativos.

“As coisas estão em aberto. Foi um fenômeno novo”, avaliou Couto. Continua com um questionamento: “dá para prescindir do antigo modelo de governança em nome do carisma e do apoio das redes sociais?”.

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