Em 28-janeiro, o Cepesp organizou o seminário “Economia Compartilhada no Setor de Transportes: Aspectos Regulatórios e o caso de São Paulo”. Estavam presentes o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e economistas como Marcos Lisboa (Insper) e Samuel Pessoa (Ibre-FGV). (Veja aqui a lista completa de participantes.)
Haddad iniciou o evento comentando que “as cidades estão passando por mudanças muito profundas e é preciso construir novos paradigmas de sociabilidade e convivência. O maior dilema é o acesso à terra – tanto em relação à moradia quanto ao transporte. Algumas soluções são obvias: priorizar o transporte público com faixas exclusivas para ônibus”. E os carros? “Temos 1,2 passageiros por carro em São Paulo. Qualquer incremento disso significaria uma redução da frota circulante muito significativa. Se houver 1,7 passageiro por carro, haverá 30% menos carros na cidade.”
Para o prefeito de São Paulo, nem todo cidadão quer ter carro. “Hoje todo mundo faz a conta: imposto, seguro, gasolina, manutenção… Ter carro é caro. Se com o mesmo conforto você tiver um serviço ágil, você pode conseguir no curto prazo, sem grandes investimentos, apenas com indução e conscientização, um feito extraordinário na cidade. É a tecnologia que vai facilitar isso. São Paulo está avançando – o Banco Mundial já entendeu nosso novo espírito.”
Em seguida, Rodrigo Pirajá, presidente da São Paulo Negócios, apresentou uma proposta de regulação do transporte em São Paulo a partir da nova economia colaborativa. A ideia é que seja legal, na cidade, pegar passageiros apenas através do uso de um aplicativo para celular. Haveria liberdade tarifária, com a tarifa máxima fixada pelo poder público. Os prestadores de serviço seriam motoristas com carteira profissional que permite exercício de atividade remunerada. (Mais detalhes sobre a proposta podem ser encontrados aqui.)
O economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, afirmou que a iniciativa tem “imensos méritos”, sobretudo porque “resolve o problema do táxi”. Segundo ele, “o táxi é um cartório. Um grupo de pessoas tem outorga de táxi, aluga essas outorgas e monopoliza o transporte de pessoas. É difícil no mundo inteiro superar esse cartório e tecnologia veio para ajudar a resolver esse problema”. Lisboa fez algumas sugestões para aperfeiçoar o projeto da prefeitura, que podem ser vistas no vídeo com a primeira parte do seminário.
Bernardo Guimarães, economista da FGV-SP e colunista da Folha de S. Paulo, também elogiou o projeto da prefeitura, afirmando que “esse tipo de instrumento, possível apenas com a nova tecnologia, permite regular e taxar melhor o transporte da cidade”.