As eleições deste ano para presidente da República podem ter no segundo turno o cenário já conhecido de disputa entre os partidos fortes de esquerda e direita.
Preso e, em princípio, inelegível, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera as pesquisas de intenção de voto com 37,3%.
Segundo o cientista político do Cepesp, Jairo Pimentel, este índice é favorável a Fernando Haddad, que assumiria a candidatura caso o ex-presidente seja impedido de concorrer: aumentam as chances de transferência de voto de Lula para o ex-prefeito de São Paulo e, assim, possibilidades de Haddad chegar ao segundo turno.
“Lula está preso, mas há um avatar fora. O avatar de Lula é Haddad e a ideia de transferir essa popularidade vem de uma fusão necessária [das imagens de ambos], porque gera empatia. E vai acontecer. Existem mecanismos publicitários e de comunicação política que conseguem fazer com que isso seja concretizado”, explicou Pimentel em entrevista para o site InfoMoney.
No campo da direita, Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB) são os principais nomes que correm para garantir lugar no segundo turno. O cenário é indefinido e contraditório.
Bolsonaro se destaca nas pesquisas, mas o pouco tempo de televisão pode prejudicar o deputado. Alckmin pode contar com a propaganda eleitoral na TV e com as coalizões, porém não alcança boa intenção de voto.
Para Pimentel, depende do candidato do PSDB saber utilizar o tempo a seu favor, com propagandas positivas e campanha negativa contra Bolsonaro. “Acho que Bolsonaro parte na frente. Alckmin está entrando em campo agora, com tempo de televisão e bem servido com o melhor equipamento técnico. Pode virar o jogo, mas é uma vantagem muito grande que Bolsonaro construiu”, concluiu.
