Sérgio Praça comenta novas regras de financiamento eleitoral

CEPESP  |  18 de janeiro de 2016
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Há um alto risco de o fim de doações de empresas privadas a partidos e candidatos alimentar um efeito colateral lesivo: o aumento da corrupção com recursos governamentais. Assim analisa o cientista político Sérgio Praça, professor da FGV/CPDOC. Para o especialista, apesar de ser impossível prever como será a eleição, o custo das campanhas não terá uma queda automática após a nova regra fixada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para as eleições.

 

“Este ano será o primeiro teste de um novo sistema de financiamento, que é interessante, com potencial para ter menos corrupção entre agentes privados e públicos. No entanto, acredito que essa proibição para as empresas doarem dinheiro é um fator que aumenta a corrupção com recursos governamentais como forma de compensar essa perda de recursos. Precisamos ficar muito de olho nisso.”

 

Já o ex-procurador-chefe do Ministério Público Federal no Espírito Santo e autor do livro “(Uma) Teoria da Corrupção: Corrupção, Estado de Direito e Direitos Humanos”, procurador da República André Pimentel Filho, é otimista quanto ao impacto do fim das doações empresariais nas eleições.

 

“Acredito que, sem dúvida, será salutar para a política brasileira. A maioria das doações feitas hoje é quase um empréstimo: o doador já doa antevendo algum benefício direta ou indireto. Uma empresa de tabaco tem interesse que o governo federal não leve à frente uma campanha tão rigorosa contra o tabaco, por exemplo.”

 

Toda essa reflexão, porém, ainda não significou uma mudança cultural após os terremotos de 2015. O cientista político Paulo Baía (UFRJ) critica os gestores públicos: “A crise deveria ter sido um exemplo e vai ser cobrada nas eleições, mas os governos parecem que não aprendem com ela. Repetem velhas fórmulas de tentar maquiar a situação.”

 

Baia lembra que não há ingênuos nem desavisados, porque a crise já era anunciada e foi mascarada na campanha eleitoral de Dilma. “O governo já tinha diagnóstico em 2014, mas não tomaram providências e 2015 foi o ano que nós vimos.”

 

(Texto escrito por Rondinelli Tomazelli, para “A Gazeta” do Espírito Santo)

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