
O governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), conquistou no segundo turno o comando do Estado com 51,75% dos votos válidos. A vitória, de acordo com o cientista político do Cepesp/FGV Cláudio Couto, pode significar uma divisão dentro do PSDB entre a ala mais tradicional, em que está Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso, e a ala mais ligada ao Doria e inclinada a apoiar Jair Bolsonaro (PSL).
Isso porque Doria cogitou ser o candidato à presidência do país em 2018 pelo PSDB disputando a vaga com seu padrinho político, Geraldo Alckmin. Depois, mesmo antes do primeiro turno, Doria havia declarado apoio à Jair Bolsonaro (PSL), adversário de Alckmin.
“A conquista do principal bastião do partido no país por um político que decidiu devorar a agremiação por dentro” é um dos fatores que levam Couto a visualizar o racha do PSDB.
Outro motivo interpretado pelo cientista político como causador da situação incômoda nos bastidores do partido é a “repulsa que Doria causa naquilo que se pode considerar o PSDB histórico”. “Isso torna inevitável uma ruptura”, concluiu Couto em entrevista à Carta Capital.
O PSDB comanda o Estado há 24 anos. Segundo o pesquisador do Cepesp/FGV, essa força do partido em São Paulo ajudou a eleição de Doria, que contou com o apoio de eleitores do interior. Além disso, o governador eleito também faz parte dos políticos que representam o antipetismo e o antissistema, estratégia que o fez conquistar maioria dos votos.
“Doria é a negação de tudo: traiu o padrinho político mais de uma vez, inclusive agora, na eleição presidencial, puxa o partido para a direita radical, bateu de frente com as lideranças históricas da agremiação”, comenta Couto.
Doria deixou a prefeitura de São Paulo em abril, depois de 15 meses de atuação, para concorrer ao cargo de governador do Estado.