Vitória de Doria torna inevitável ruptura interna do PSDB

CEPESP  |  12 de novembro de 2018
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joão doria
Foto: PSDB-SP/Divulgação

O governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), conquistou no segundo turno o comando do Estado com 51,75% dos votos válidos. A vitória, de acordo com o cientista político do Cepesp/FGV Cláudio Couto, pode significar uma divisão dentro do PSDB entre a ala mais tradicional, em que está Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso, e a ala mais ligada ao Doria e inclinada a apoiar Jair Bolsonaro (PSL).

Isso porque Doria cogitou ser o candidato à presidência do país em 2018 pelo PSDB disputando a vaga com seu padrinho político, Geraldo Alckmin. Depois, mesmo antes do primeiro turno, Doria havia declarado apoio à Jair Bolsonaro (PSL), adversário de Alckmin.

“A conquista do principal bastião do partido no país por um político que decidiu devorar a agremiação por dentro” é um dos fatores que levam Couto a visualizar o racha do PSDB.

Outro motivo interpretado pelo cientista político como causador da situação incômoda nos bastidores do partido é a “repulsa que Doria causa naquilo que se pode considerar o PSDB histórico”. “Isso torna inevitável uma ruptura”, concluiu Couto em entrevista à Carta Capital.

O PSDB comanda o Estado há 24 anos. Segundo o pesquisador do Cepesp/FGV, essa força do partido em São Paulo ajudou a eleição de Doria, que contou com o apoio de eleitores do interior. Além disso, o governador eleito também faz parte dos políticos que representam o antipetismo e o antissistema, estratégia que o fez conquistar maioria dos votos.

“Doria é a negação de tudo: traiu o padrinho político mais de uma vez, inclusive agora, na eleição presidencial, puxa o partido para a direita radical, bateu de frente com as lideranças históricas da agremiação”, comenta Couto.

Doria deixou a prefeitura de São Paulo em abril, depois de 15 meses de atuação, para concorrer ao cargo de governador do Estado.

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