BBC celebra 130 anos da abolição da escravidão com entrevista de Luiz Felipe de Alencastro, pesquisador do Cepesp e historiador

CEPESP  |  21 de maio de 2018
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Professor da FGV-SP e da Universidade de Paris Sorbonne, Luiz Felipe de Alencastro, também considerado um dos mais renomados estudiosos da escravidão no Brasil, concedeu entrevista ao site da BBC, em 13 de maio, marco dos 130 anos da abolição dos escravos no país.

A escravidão foi extinguida no Império Brasileiro com o decreto da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, em 1888. Para relembrar a importância desse momento decisivo de nossa história, Alencastro faz uma análise crítica do processo da abolição e do impacto da escravidão para a cultura de nossa sociedade, e  destaca os motivos de seus efeitos ainda atingirem a população negra em nosso país.

Na entrevista, Alencastro revela que a aprovação da Lei Áurea não se limitava apenas ao fim da escravidão, a liberdade dos escravos, mas foi também uma forma de evitar a reforma agrária, ideia radical surgida em um grupo minoritário de abolicionistas. As diferenças da escravidão no Brasil e nos EUA, onde a pratica era regional e não nacional como aqui, o papel da Inglaterra para o fim do tráfico negreiro e a origem da violência do Estado contra os negros são também abordados pelo historiador.

Alencastro
Luiz Felipe de Alencastro, um dos mais renomados estudiosos da escravidão no Brasil

Apesar de 130 anos representar pouco tempo, há a sensação de que a escravidão foi em um período mais distante. “Parece que é tão longe porque, depois da abolição, o assunto saiu de pauta, salvo para se ensinar que a abolição foi uma generosidade da Coroa, do governo, da redentora princesa Isabel”, afirma Alencastro.

Por fim, o historiador faz uma enfática defesa das cotas raciais, mas não como instrumento a favor da diversidade. “Trata-se de um instrumento em favor da democracia, do funcionamento do Estado, que favorece o país inteiro. Achar que ela garante a diversidade é considerar que os negros são uma minoria, como nos Estados Unidos. Mas no Brasil eles são a maioria”, conclui.

Leia a entrevista de Luiz Felipe de Alencastro na íntegra no site da BBC Brasil.

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