Direita brasileira veio para ficar

CEPESP  |  10 de agosto de 2018
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O Brasil e o mundo veem agora a ascensão de governos de direita. Esse movimento é uma reação ao avanço de modo de vida não tradicionais; aos governos de esquerda – que no Brasil está prejudicada pelas denúncias de corrupção -, e pelo esquecimento da associação entre direita e regimes autoritários, ideia que se propagou com as ditaduras militares na América Latina. Essas são algumas das razões que levaram a direita brasileira a “sair do armário”, segundo o cientista político do Cepesp, Cláudio Couto.

“Há uma geração que não viveu a ditadura e que, por isso, rejeita menos a direita. Ademais, os erros cometidos pela esquerda brasileira, sobretudo na incapacidade de se renovar e fazer uma autocrítica dos problemas relacionados à corrupção, alimentaram e deram pretextos para o discurso direitista”, afirma Couto.

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O pesquisador lembra que pertencer à direita era visto, por muito tempo, como algo negativo, que as pessoas preferiam evitar ou camuflar. “Não é à toa que o bloco de direita na Assembleia Nacional Constituinte se autodenominou “centrão’. Associar-se à esquerda significava apresentar-se como defensor de ideias como igualdade e justiça social. Portanto, dizer-se de direita, significaria assumir-se como defensor da desigualdade e despreocupado com a justiça social”, diz.

Em entrevista ao Instituto Brasileiro de Economia, da FGV (IBRE), Couto diz acreditar que a direita brasileira “veio para ficar”, o que não quer dizer, segundo ele, que se fortalecerá uma direita extremista ou homogênea, mas sim multifacetada. “Isso não necessariamente implica a adesão a posições autoritárias e mesmo neofascistas, como aquelas representadas por (Jair) Bolsonaro e os defensores da intervenção militar. A meu ver, a direita que emerge hoje no Brasil é multifacetada, tendo diversas facções internas que, após sua ascensão, começam também a se conflagrar. Não considero que tal direita possa ser percebida como um todo monolítico. Pelo contrário, está bem longe disso”, conclui.

Íntegra da entrevista.

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