Seminário: Philippe Schmitter fala sobre a crise financeira e o futuro da União Europeia

CEPESP  |  26 de março de 2014
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Considerado um dos maiores cientistas políticos do mundo, o americano Philippe Schmitter esteve em São Paulo a convite do Cepesp e do novo curso de graduação em Administração Pública. Na cidade, entre outras atividades, o professor do European University Institute ministrou um seminário aos alunos da FGV intitulado “Alternativas para a Organização Política da União Europeia”.

O professor Schmitter considera a União Europeia uma das experiências mais importantes do mundo e sem precedentes na história. Este caráter inovador, com a impossibilidade de se espelhar em experiências similares, torna o desenvolvimento da União Europeia um processo imprevisível, no qual a solução de cada problema exige imaginação de seus líderes.

Durante o seminário, o professor explorou as causas e consequências da crise financeira de 2008, que afetou não só a União Europeia, mas todo o cenário econômico mundial. Segundo ele, a Europa é um continente que está acostumado a viver em crise, mas não está claro ainda se essa será uma crise boa ou ruim para o processo de integração europeu. Na avaliação de Schmitter, por enquanto, ela tem se revelado bastante prejudicial.

O professor defende ainda que a estrutura institucional da União Europeia não está preparada para responder aos problemas gerados por essa crise e que seria preciso reformular o sistema para encontrar uma solução. O problema está no atraso da integração política europeia com relação à integração econômica. Segundo Schmitter, a unificação monetária teve de ser apressada pela reunificação alemã no início dos anos 90, sem que houvesse acordo prévio sobre a constituição de um poder político europeu capaz de administrar a nova Europa.

Há cerca de 40 anos, o professor escreveu um artigo no qual descrevia uma crise parecida com a atual. Ele apontava que essa poderia ser uma “boa crise”, se transformasse a integração econômica da União Europeia em uma integração política, em que fosse formado, por exemplo, um verdadeiro sistema partidário europeu, separando os interesses continentais dos interesses nacionais.

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