Em entrevista ao site da revista Época, o cientista político Carlos Pereira (FGV-RJ/Cepesp) afirma que as quatro condições indicadas por acadêmicos para que haja impeachment estão postas hoje no Brasil. Leia a íntegra da entrevista, dada a Aline Ribeiro, abaixo.
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A ruptura do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o Palácio do Planalto é o último de quatro elementos necessários para o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Essa é a opinião de Carlos Pereira, pós-doutor em ciência política pela Universidade de Oxford e professor titular da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (Ebape/FGV).
Eduardo Cunha estava em rota de colisão com o Planalto desde que assumiu a Presidência da Câmara, no início do ano, apesar de integrante de um partido da base governista. Ele responsabiliza o Planalto pelo seu envolvimento nas investigações da Operação Lava Jato. Nesta quinta (16), Cunha foi acusado pelo lobista Júlio Camargo de receber US$ 5 milhões de propina. O deputado nega as acusações.
Para Pereira, a falta de sinalização da presidente Dilma de que protegeria Cunha na Operação Lava Jato fez com que o peemedebista partisse agora para o ataque. “O governo não sobreviverá a esta figura tão poderosa e idiossincrática assumindo individualmente os custos da operação”, afirma.