A transparência política é sempre desejável e resulta em boas coisas para a população? Nem sempre. É o que argumenta o estudo “Sunshine or Shield? Secret Voting Procedures and Legislative Accountability”, de Michele Butto, Carlos Pereira (Cepesp/FGV-RJ) e Matthew Taylor (American University).
O trabalho argumenta que o voto aberto é bom para punir parlamentares de menor importância, mas pode ser péssimo para castigar líderes partidários e atores políticos mais importantes. Em 2012, o Senado proibiu o voto secreto em processos de perda de mandato parlamentar, decisão ratificada no ano seguinte pela Câmara dos Deputados.
Por que isso pode ter efeitos ruins? Lembremos do mensalão. Se a votação para cassar José Dirceu em dezembro de 2005 tivesse sido aberta, talvez os 293 parlamentares que o cassaram teriam parado para pensar um pouco melhor. O voto aberto, enfim, pode ser ótimo para a transparência política, mas um tiro no pé quando se trata de políticos corruptos ainda poderosos.
Aqui está o estudo completo.