Desafio do CEPESP: DECIFRANDO AS ELEIÇÕES – Dicas!

CEPESP  |  4 de novembro de 2017
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Pesquisas cruzadas com outras bases de dados públicas, buscadores ágeis e visualização gráfica e “limpa” dos dados eleitorais. Essas foram as principais – mas não as únicas – sugestões dadas por jornalistas políticos e especialistas de campanha que participaram da Oficina do CEPESP Data, realizada na sede da Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo.

Programadores, cientistas políticos, economistas e interessados em geral que estão participando do 1º Desafio do CEPESP Data: DECIFRANDO AS ELEIÇÕES, fiquem ligados! Com premiação de R$ 10 mil para o primeiro colocado e R$ 5 mil para o segundo, o Desafio está a todo vapor e as inscrições terminam no dia 12 de novembro. Falta pouco, portanto. Aqui vamos apresentar as principais sugestões da Oficina, além de mais informações. Para assistir na íntegra, basta clicar aqui.

Foram quatro mesas, sendo as duas primeiras com jornalistas políticos e especialistas de campanha que deram sugestões para aqueles que querem participar do Desafio. Olhando para a nova plataforma do CEPESP Data, eles indicaram aquilo que, em 2018, gostariam de ver na plataforma.

A primeira mesa contou com a colunista do Valor Econômico, Maria Cristina Fernandes, o colunista do Estadão, José Roberto Toledo, o jornalista da Reuters, Iuri Dantas, e o jornalista do JOTA, Guilherme Duarte. Ela foi coordenada pelo professor da FGV e cientista político Cláudio Couto e pelo jornalista e pesquisador assistente do CEPESP, João Villaverde.

Maria Cristina Fernandes, colunista do Valor e uma das principais analistas de política do país, apontou a vontade de poder cruzar os dados eleitorais do TSE, organizados no CEPESP Data, com as pesquisas eleitorais. Ver o andamento das pesquisas será importante para os jornalistas no ano que vem e poder relacionar pesquisas em anos eleitorais anteriores (2016, 2014, 2012, 2010 etc.) com os dados efetivos finais (quem foi eleito e com quantos votos e quem não foi) será importante, disse ela. “Além disso, poder buscar, com agilidade, os municípios que deram a maior proporção de votos para cada candidato presidencial em 2014, 2010, 2006 e assim por diante, isso é muito importante também para o trabalho de reportagem”, disse ela.

Toledo, colunista do Estadão e uma das principais referências no jornalismo de dados do paísapontou a dificuldade que é fazer pesquisa com dados eleitorais no Brasil, uma vez que os municípios tem um código no TSE e outro no IBGE. Suas sugestões também envolveram cruzamento de dados: “Poder cruzar os resultados eleitorais com o índice de desenvolvimento humano, por exemplo, ou com a taxa de atendimento do Bolsa Família, é muito importante”, disse ele. Toledo também destacou que atrelar os dados eleitorais dos candidatos com suas declarações à Receita Federal, por exemplo, seria um grande avanço.

Para Iuri Dantas, que desde 2001 passou por Brasília, Washington e São Paulo por veículos de comunicação como Folha de S. Paulo, Bloomberg, Estadão, JOTA e hoje está na Reuters, o cruzamento dos dados eleitorais com informações econômicas é “crucial” para o trabalho jornalístico em 2018. “A economia explica muito mais do desempenho eleitoral do que qualquer outra variável e isso sempre foi assim. Então poder checar o IPCA, a taxa de desemprego em determinada localidade, os indicadores de investimentos e o próprio PIB e ver o desempenho eleitoral é muito rico”, disse ele, que também destacou a importância de aproveitar a ampla base de dados do Tribunal de Contas da União (TCU), que está toda disponibilizada no site desse órgão e que envolve uma série de políticos eleitos, para fazer cruzamentos com os dados do CEPESP Data.

Por fim, Guilherme Duarte, do JOTA, reconheceu a dificuldade de operacionalizar cruzamento de dados no Brasil pela forma como os códigos de uma mesma localidade são registrados pelas diferentes instituições públicas. Ele destacou a importância de melhorar a visualização das informações, como forma de permitir uma maior permeabilidade dos dados não só aos jornalistas – que tem o poder de amplificar as informações – mas também ao cidadão em geral.

O professor Cláudio Couto, que também é pesquisador do CEPESP, amarrou as sugestões com uma avaliação do cenário político de 2018, destacando que enquanto as eleições para cargos no Executivo (como presidente da República e os 27 governos estaduais) guardam grande incerteza dada a combustão de crise econômica acumulada, investigações da Lava Jato e grande descrédito político, as eleições para os Legislativos são menos analisadas e, dadas as regras, são muito menos incertas. Ele também destacou a importância de buscadores ágeis serem desenvolvidos na nova plataforma, bem como o cruzamento com dados públicos (do IBGE, do Ministério do Trabalho, do TCU etc.) e da visualização gráfica das informações, que facilitam a compreensão e as pesquisas.

Na segunda mesa, coordenada pela pesquisadora do CEPESP e doutora em ciência política Lara Mesquita, foram ouvidos especialistas de campanha, como o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Cláudio Prado, presidente do partido Solidariedade em São Paulo, o ex-chefe de gabinete de Fernando Haddad (PT) na prefeitura, Leonardo Barchini, e o especialista e pós-doutorando Jairo Pimentel, que já trabalhou em campanhas eleitorais do PSDB.

Todos destacaram a importância da informação para modular a atividade dos candidatos em campanha. Prado, que foi vereador pelo PDT em São Paulo por dois mandatos, disse que absolutamente todas as informações eleitorais, dos seus rivais e as suas próprias, são usadas nas campanhas, incluindo os bairros onde cada candidato é mais forte. Ele disse ser muito importante ver cruzamento de dados na nova plataforma e espera ver também representação gráfica. Barchini afirmou esperar para 2018 uma campanha mais digital do que qualquer outra, com largo uso das redes sociais e de plataformas de comunicação por celular, onde a circulação de dados eleitorais será mais forte do que antes.

Acredito que aqueles que estão participando desse desafio podem ajudar muito. Várias variáveis independentes foram trazidas como sugestões para poder explicar os votos, seja pela economia, pelas coligações partidárias, e eu gostaria de agregar mais algumas delas. Enquanto trabalho de campanha a gente busca entender o histórico do voto, ou seja, como o voto passado pode explicar o voto futuro. Isso ficou claro nas falas do Claudio Prado e do Leonardo Barchini também. Ver como eleitores de determinadas regiões votam e vemos que há um padrão razoavelmente estável. Esse lado socioeconômico explica muito do voto e isso é importante de ver para não desperdiçar os recursos em campanha. A geografia do voto e a análise sócio-demográfica ajuda muito. A plataforma do CEPESP Data nos ajuda bastante por seção eleitoral, por zona eleitoral, por município. Isso nos ajuda muito. Uma coisa que pode facilitar muito a nossa vida é o percentual de votos. Quando a gente tira os dados do CEPESP Data eles são nominais: quantos votos teve determinado partido e candidato. E nós temos que fazer as percentagens de cada candidatura. Se houvesse uma forma de automatizar isso, tornar mais claro isso seria fantástico. Facilitaria muito a nossa vida em campanha e isso é fácil de resolver. Eu também pensaria em alguma forma de comparativo no correr do tempo, uma solução automática de voto em determinado partido por região, por seção, uma forma gráfica em dados longitudinais, séries temporais, enfim“, disse Pimentel, ao final.

Em seguida, os pesquisadores do CEPESP Natália Bueno e Arthur Fisch explicaram como funciona hoje a plataforma do CEPESP Data, isto é, antes das melhorias que serão incorporadas depois das soluções que serão apresentadas pelos participantes do Desafio. Para acompanhar, assista ao vídeo aqui a partir das 2 horas e 33 minutos, com os slides simultâneos.

Por fim, o programador Abrãao Barros explicou as APIs e os códigos do GitHub do CEPESP Data. Ao final, o professor Leonardo Barone, coordenador dos monitores do Desafio apresentou a equipe que ajudará todos os grupos que se inscreverem no Desafio do CEPESP Data. Para mais informações sobre como se inscrever e dúvidas sobre contatos e funcionamento do sistema, clique aqui

Participe já do DECIFRANDO AS ELEIÇÕES!

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E mais:

1) Temos também um grupo de whatsapp para aqueles que estão buscando outras pessoas para participar do Desafio. O link do grupo é: https://chat.whatsapp.com/CKGKAdTACwkClP6yKmP2TB.
2) Criamos também um doc para pessoas e equipes que estiverem em busca de outros possam colocar suas informações:  https://docs.google.com/spreadsheets/d/1RsworZLENURUq-DABaLxftirtf8bpriXrpPfeOMyNJI/edit?usp=sharing)

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Veja aqui a apresentação sobre o funcionamento do CEPESP Data!

Apresentação Oficina Desafio CEPESPData

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Participe do 1º Desafio do CEPESP Data: DECIFRANDO AS ELEIÇÕES!

 

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